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Letras das músicas do cd Trilha Poética

FINGIDOR

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

         dedicado a Fernando Pessoa

 

O poeta é o estilista
que veste as palavras
com sentimentos coloridos.

O poeta é o artista
que cobre as palavras
com sensualidade.
 

Com a irreverência
da imaginação,
o poeta consegue criar
do alfabeto, com ou sem afeto,
até lágrimas sintéticas.
Lágrimas sintéticas.
Lágrimas doces que mudam de cor
a depender da dor ou do amor...
 

SABOR

​

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)
 

Quero dar sabor
às palavras e cor
às letras de cada verso.
Cada imagem, cada poema
haverá de Ter um colorido
e um gosto diverso.

Que o poema transmita
o gosto do cheiro
e o cheiro do gosto
de cada cor da imagem percebida.

SEGREDOS DA VIDA

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

Dentro de cada concha
encerra-se um segredo do mar.
Dentro do mar
encontram-se várias conchas
cheias de vida.
A vida está em minhas mãos
cheias de segredos.
Quando juntas, em forma de concha,
as mãos encerram mistérios.
Quando abertas, mostram a vida
contida no espaço
das palmas, revelada nos traços
tudo trançado
seja futuro, presente ou passado.

CARYBÉ
 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Axé ! Aqui aportou Carybé.

Radicado na Bahia de Jorge Amado
Fincou pé, viveu e morreu com fé.

 

Lindinalva, de Jubiabá, trouxe sua alma.
Fascinado pela Bahia, viveu apaixonado,

Carybé, pela gente, cultura e candomblé.

AMADA

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

              (Sonho IV)

       Da vida quero a liberdade
       do vôo de um passarinho.
       Da vida quero a dedicação
       e o amor de Fidélio de Beethoven.

Tua pele é tão alva
como a luz da lua.

Teus cabelos dourados
como os raios do sol.

Teu sorriso é um convite ao amor,
tua voz, uma canção murmurada,
teu olhar, o brilho das estrelas.

Tua respiração é ardente
e teu desejo é tão quente,
que me faz voar como ser alado.

A vida ao teu lado
é quase o sonho sonhado,
um filme de amor,
 o perfume de uma flor.

TRISTEZA

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Tristeza é não ouvir o trinar
do passarinho numa manhã de sol.

É não sentir
o perfume do jasmim
numa noite de lua cheia.

Tristeza é não poder tocar
na pele sedosa da amada.

É não perceber o gosto
da sedução e da paixão.

Se tristeza é esta sensação,
sou um homem realizado
porque meus sentidos

São exagerados...

DANÇA DOS PEIXES

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Pintado
com urucum e jenipapo,
de colar e cocar,
convoco caciques
Aritana e Raoni,
Guerreiros do Xingu
para a Dança dos Peixes.

Invoco as forças dos pajés
Txukarramãe, Kaiapós,

Xavantes, Tupi-guaranis,

Kiriris e Pataxós.

Invoco a força da natureza,
das matas, cachoeiras e igarapés
para a Dança dos Peixes.

 

Com os poderes mágicos
e o som sagrado
da Flauta Jacuí,
vamos afastar do Brasil
todos os maus espíritos
da Serra do Caburaí
ao Arroio do Chuí.

NORDESTINO

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Não sou canto
mas tenho ino,
não hino,
em meu sangue.
Não tenho Dom
musical, mas o tom
do sol, lá
em minha terra
dá dó.
Racha tudo de tão quente,
no pé ou no alto da serra.
Não sou crente,
mas o destino
está em minha mente.

Tenho tino, por isso canto e rimo,
pois sou nordestino.

VENTO

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

É vento, é venta.... é ventania,
chegando cheia de valentia.

 

Sinhá, este vento corre mundo,
atravessa mares, varre florestas,
agita desertos, poliniza flores
e levanta poeira.

Sinhá, este vento ronca,
assobia, geme e ainda dá surra
de areia fina
nas pernas da menina.
 

Sinhá, que nome tem este vento,
que venta, canta e encanta
em todas as pontas da rosa dos ventos?
Muitos nomes tem o vento,
seja quente ou refrescante,
ele acaba envolvendo a gente.

Sinhá, este vento é traquina.

Levanta a saia da menina.

PENSAMENTANDO

​

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

          

Borboletas vagam no ar,

Vaga-lumes na noite vagam
e o poeta, nas vagas do mar.

 

          A vida sem a morte,
          para uns , seria sorte,
          para outros, pura magia.
 

Estou farto do patrulhamento intelectual,
real, virtual e radical.
Estou farto da realidade
relativa, do meio-termo e da descontinuidade.
Estou farto da teoria literária.

De toda teoria arbitrária.

Estou farto da pobreza,
da falta de sutileza.

Estou farto da linearidade.

Quero da vida a irregularidade
coloquial, cheia de destreza.
Estou farto da falta de proeza.
Quero a força da simplicidade.

POETA BAIANO

 

 

Ser baiano, é ser poeta, é ser singular.
É sentir o particular,
o subjetivo e o abstrato.
Ser poeta é ser intermediário,
fonte e destinatário.
Ser poeta na Bahia é transformar o particular
em linguagem universal.
                               (1997)
 

O AMANTE

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Não me julgues mal.

Tenho todas as qualidade

E defeitos.

Sou uma infinidade

De mentiras e de verdades.

Quero ser um amante perfeito.

Quero de ensinar tudo
o que a vida te ocultou.

Toda mulher é como um polígono tridimensional.

Quero descobrir cada um dos lados
que carregas: o lado da estupidez,
o lado sublime,
o lado da honradez,
o lado casto e o lado safado.
Quero sentir o perfume
de tua paixão
e o peso racional de tua sedução.

Quero ser o amante perfeito,
terno, divertido, esportivo
e que sabe fazer o amor bem feito.

O AMANTE

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Não me julgues mal.

Tenho todas as qualidade

E defeitos.

Sou uma infinidade

De mentiras e de verdades.

Quero ser um amante perfeito.

Quero de ensinar tudo
o que a vida te ocultou.

Toda mulher é como um polígono tridimensional.

Quero descobrir cada um dos lados
que carregas: o lado da estupidez,
o lado sublime,
o lado da honradez,
o lado casto e o lado safado.
Quero sentir o perfume
de tua paixão
e o peso racional de tua sedução.

Quero ser o amante perfeito,
terno, divertido, esportivo
e que sabe fazer o amor bem feito.

LAVOISIANDO

 

Era uma vez uma história
contada por Salernitano,
adaptada por Da Porto,
inspirando Bandello,
copiado por Brooke,
que inspirou Shakespeare.

Muitas formas teve esta história
transformada em conto.

 

De conto em conto,
de tradução em tradução,
do italiano ao francês
acabou como poema em inglês,
inspirando uma tragédia

Shakesperiana: Romeu e Julieta.

COMPLEXIDADE

 

(Sérgio Mattos e Nilson Aquino)

 

Na intimidade
busca-se maturidade.

Na coletividade,
a originalidade,
pois a modernidade
exige qualidade.

A instabilidade
e a falta de dignidade
geram inferioridade.
 

A multiplicidade
de oportunidades
a competitividade
e necessidades
da humanidade
esbarram na mentalidade
da imunidade
e da impunidade.

 

Toda esta ambigüidade
é responsável pela complexidade
de nossa nacionalidade
e de nossa individualidade
em toda e qualquer idade.
 

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